sexta-feira, março 13, 2009

[avant la haine]

- Dans Paris [Em Paris], do diretor Christophe Honoré. -


isto é ao que eu chamo de Arte!... a raras obras posso classificar o filme como pretexto à uma só cena; como um contexto pálido composto para o apogeu comovente condensado em um intervalo. uma escalada aos céus! não há como não arrepiar os pêlos! - e não soltar uma lágrima cálida. eis um filme que me surgiu ao acaso: e para o qual permaneci totalmente despreparado. uma fortuna aleatória! quando rumei hoje cedo para o depósito, um pouco triste e melancólico, sentado em um ônibus sujo e recitando mantras, parecia ver alguém através dos vidros empoeirados, do outro lado da linha de telefone imaginária, sob os delicados vapores da manhã encobrindo o sol pungente, diluindo as nuvens baixas, recordando essas imagens inexprimíveis que parecem espargir sonhos fumegantes, embriagar a mente com gim - a arte é a bela petrificação da alma -, e que têm o mesmo som ao de uma noite em que minhas lágrimas frias caíam em um copo cheio d'água na penumbra. só o amor possui tal esperança sombria: que subtrai o horror inevitável pelo sentimento sublime; só o amor é esse puro heroísmo ante a tragédia, e antepõe a paixão ao inelutável, levando no dorso a bela morte. eu sussurava non, je t'embrasse et ça passe... - perdido no zumbido dos automóveis - e um murmúrio morria no silêncio do ar tépido (como um trem penetrando um túnel).

Um comentário:

J.MACHADO disse...

Olá nobre poeta!
Amei seu blog e fiquei feliz em saber que os poetas ainda estão por ai, vendo o que os olhos comuns não podem ver e sentir a suave neblina além da pele...

Vou vista-lo mais vezes...Grande abraço!

http://www.sociedadedopoeta.blogspot.com/